quarta-feira, 16 de junho de 2010

Professoras do Século XXI - Soraya Lopes

Olá turma da Psico!
O texto de hoje, é dedicado a vocês...
Ele vem ao encontro de algumas das angústias que conversamos na aula de segunda feira. Quem sabe alguém se anima e escreve algo ainda mais profundo, já que o texto traz apenas algumas pinceladas sobre nossa profícua reflexão:

Professoras do Século XXI: conflitos que adoecem

Quem não teve em sua vida uma professora que foi seu exemplo? Eu tive algumas que estão, até hoje, em minha memória e no meu coração. Não há muito tempo, encontrávamos apenas mulheres como professoras. Na atualidade, ainda encontramos uma maioria de mulheres como professoras, principalmente na Educação Infantil e Fundamental I. Portanto, dedico esta crônica a essas mulheres maravilhosas!!!

Você já se perguntou por que se tornou professora? Ainda mais... Por que continua na profissão?
Tenho um palpite. Vocês são movidas pela Paixão! Sim... Paixão! A Paixão em Educar!
Pertencemos à geração da busca incessante do conhecimento, mutável, improvável, surpreendente, libertador. Do professor educador, pesquisador, mediador, flexível, irrepreensível... o Professor Show! Das Educações Tecnológica e Inclusiva.

Que magnífico! Os tempos mudaram! Mas você está preparada para ser uma professora do século XXI?

Despenca sobre nós, professoras, uma avalanche de deveres e responsabilidades. Uma carga um tanto pesada, física e emocional. A física, quase sempre, conseguimos superar. Mas, e a emocional?

Encontramos muitos estudos a esse respeito e nada animadores. Quantos conflitos enfrentamos e suportamos dentro e fora da sala de aula? Dentro, quando estamos com nossos alunos, e fora, quando prestamos contas para nossos gestores. Sem mencionar a parte burocrática – como planejamento, diários, reuniões de pais, atividades extracurriculares, relatórios e mais relatórios... e por aí vai...

Muitas vezes, temos ainda jornada dupla... e tripla, quando chegamos em casa. Quando um aluno não se adapta a uma determinada turma, é prontamente transferido para outra a fim de que os objetivos pedagógicos sejam alcançados. E a professora? Tem esta mesma chance de adaptação caso necessite? Na escola particular, que não deixa de ser uma empresa, nossos gestores analisam nosso currículo, nosso perfil e decidem nossa vida pedagógica. Se formos “aprovados” para o próximo ano, muitas vezes nem sabemos para qual turma lecionaremos.

Observo excelentes professoras tolhidas da sua liberdade de ensinar em prol de um sistema educacional pautado em filosofias escritas, mas não praticadas. Um sistema de procedimentos e comportamentos moldados por critérios não esclarecidos e que, por vezes, vão ao desencontro daqueles que acreditamos. “Meninas” recém-formadas são “atiradas” em salas de Educação Infantil, porque não é fundamental ter experiência. Será? E, da noite para o dia, tornam-se “mães” de várias criancinhas (umas 15, sendo bastante otimista). É a prova de Fogo! Somos avaliadas constantemente. O quê é avaliado? Os critérios são bem definidos? O perfil da sua turma é considerado?

É assim a Professora do Século XXI: completa! Portanto, estude... estude... estude... atualize-se.
Realmente... os tempos mudaram! A educação também! A qualidade, penso eu, não é mais certificada por ser escola pública ou particular, classes A, B ou C... Quem rege a qualidade da educação é a Equipe Pedagógica, toda a equipe, desenvolvendo um trabalho de união, de parceria, de companheirismo e, acima de tudo, de igualdade e respeito.

Professoras, não desanimem! Vocês são o coração da escola. Não um simples coração, mas um coração extremamente apaixonado! Gestores, registro aqui o meu alerta: cuidem de suas professoras porque elas estão doentes! Uma doença invisível, mas que pode matar. A doença da alma!

Texto de Soraya Lopes, pós-graduada em Educação e professora de Informática e Robótica Educacional na rede particular de ensino da cidade de São Paulo e Capacitação de Professores. Email: prof_soraya@yahoo.com.br
Abraço à todas!
Marley

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Pinóquio às Avessas


Olá pessoal!

O texto de hoje traz uma reflexão de Flávia Amazonas de Azevedo (http://flaviaamazonas.blogspot.com/2006/04/pinquio-s-avessas-o-livro.html) sobre o Livro Pinóquio às Avessas - Uma História sobre Escolas e Professores, de Rubem Alves, que utilizei em sala de aula. Aproveitem o texto e comentem... Podemos enriquecer este espaço!

Bom final de semana a todos! E, não esqueçam do artigo...

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"Apesar de ser um livro voltado para o público infantil, Pinóquio às Avessas aborda uma história muito interessante para que pais e educadores possam, por alguns instantes, analisar as diferentes metodologias de ensino, de forma mais crítica e menos condicionada.


Iniciando a escrita pela referência à famosa história do boneco de madeira, Rubem Alves, procura, ao longo de todo o texto, destacar um pensamento, um tanto equivocado, que se espalha, há anos, pela sociedade. De acordo com ele, muitas pessoas, ainda, acreditam que somente por meio da escola a criança pode se tornar "uma pessoa de verdade".


Rubem Alves decide, então, mostrar que muitas pessoas podem estudar em boas escolas, tirar excelentes notas, se tornar profissionais bem conceituados, porém, não atingir a tão sonhada satisfação ou realização pessoal. Ou seja, somente o fato de freqüentar a escola não é o suficiente para garantir um futuro feliz às crianças.


A história, portanto, se inicia com um destaque à forma como os pais conversam com as crianças a respeito do colégio. Geralmente, os alunos, antes de freqüentar esta instituição, perguntam, para a mãe, ou para o pai, a finalidade de ir até lá, o que elas farão nesse lugar, quem será o responsável por elas, entre outras questões.


O autor desperta, então, a atenção do leitor para o fato de muitos pais dizerem, aos filhos, que na escola eles aprenderão tudo sobre a vida e sobre o que mais desejarem saber. Dizendo isso, a ilusão de que as professoras responderão todas as perguntas, permanece, durante muito tempo, na cabeça das crianças.


Na verdade, como demonstra Rubem no decorrer do livro, a escola ensina, somente, os conteúdos pré-estabelecidos pelo ministério da educação. Dessa maneira, muitos alunos, que vivem em uma realidade social diversa ficam prejudicados. Além disso, muitos conceitos e dúvidas, que não se referem, diretamente, aos conteúdos abordados, não são trabalhados ou aproveitados pelos educadores.Para demonstrar como algumas informações podem prejudicar, seriamente, o processo educativo, o autor apresenta a história de um menino, chamado Felipe, que ao freqüentar, pelo segundo dia, a escola, faz uma pergunta à professora: "Por que temos que estudar dígrafos?". E a professora, sabiamente, responde: “Isso vai cair no vestibular”. O menino, então, interpreta que todo conhecimento adquirido na escola serve, apenas, para passar no vestibular.


De fato, essa tradicional visão em relação às instituições já sofreu muitas mudanças. Atualmente, existem diversas corrente pedagógicas que combatem essa linha de pensamento. A corrente construtivista, por exemplo, fundamentada nas pesquisas de Piaget e Vygotsky, parte da idéia de que todos os seres humanos precisam agir aos estímulos do ambiente para, então, serem capazes de desenvolver as próprias habilidades. Ou seja, essa teoria defende a constante interação do aluno em meio ao processo educativo para que ele mesmo possa construir e organizar o próprio conhecimento. Dessa maneira, as dúvidas e questionamentos de um criança não podem ser reduzidas às "necessidades do vestibular". Uma criança estuda para crescer e se fortalecer como cidadão, não como um "robô repetitivo".


Assim, é possível perceber como Rubem Alves é, totalmente, a favor das idéias transmitidas por Paulo Freire. Para ele, a tarefa corrente do educador é desafiar o educando a produzir sua própria compreensão do que vem a ser comunicado. A aprendizagem, portanto, torna-se incompatível com o treinamento pragmático e com o saber articulado. Cada aluno precisa aprimorar, com a orientação de um professor, a própria habilidade pessoal de analisar e interpretar as informações que lhe são transmitidas. Dessa forma, com a participação dos educadores, elas poderão estimular, cada vez mais, esta habilidade.


Apesar de destacar esses aspectos negativos a respeito dos métodos tradicionais de ensino, Rubem Alves não procura negar a eficácia e a necessidade da disciplina e da organização para o desenvolvimento humano. Mas, ele procurou demonstrar porque as atividades escolares devem levar em conta, também, a capacidade do aluno desenvolver-se por si mesmo. Ou seja, ele enfatiza a necessidade de que os educadores, em geral, devem desenvolver, freqüentemente, atividades em que os estudantes possam aprimorar a capacidade de buscar conhecimentos e articular idéias. Somente assim, as crianças e jovens poderão sobreviver em um mundo repleto de informações e mudanças".