segunda-feira, 24 de maio de 2010

Como ajudar no processo de alfabetização

Como ajudar no processo de alfabetização
O papel da família

Infelizmente, para muitas famílias, a vida escolar do filho só é de fato valorizada e reconhecida quando a criança ingressa na classe de alfabetização, não se levando em consideração os aspectos e procedimentos anteriores a este momento, tão necessários e que, se fossem efetivados, poderiam contribuir muito para uma alfabetização mais tranquila e positiva.
Também, muitas vezes, os familiares acreditam que esse trabalho só deve acontecer e ser de responsabilidade da escola, até porque algumas instituições carregam para si este papel de exclusividade, tirando dos pais ações que, se ultrapassadas ao muro da escola, poderiam garantir momentos de grande prazer e muito orgulho para os pais e principalmente para o aluno. Ledo engano dos que pensam assim!
O processo de alfabetização não é fácil e requer muito trabalho e empenho de todos os envolvidos. Ele engloba muitos aspectos que dizem respeito não só à maturidade cognitiva, mas também à maturidade emocional do aluno, sendo um processo que se iniciou anos antes do 1º ano e não terminará completamente nesta série.
A participação da família, durante todo esse período, é fundamental. Em todo o processo de alfabetização é muito importante que sejam propiciadas situações em família, com o objetivo de que a criança leia e escreva, independente das tarefas enviadas pela escola, que, com certeza, não irão suprir esta demanda. O “exercício” da escrita e leitura se faz, muitas vezes, de forma não sistematizada, por isso a família tem um papel estratégico.
Como diz psicolinguista Argentina Emília Ferreiro: “...permite-se e estimula-se que a criança tenha interação com a língua escrita nos mais variados contextos.”

Atenção para as orientações que a escola pode dar aos pais, independente do método ou proposta pedagógica utilizada pela instituição:

• Busque, fora do contexto escolar, situações para leitura e escrita, optando por textos e livros mais simples, curtos e de fácil entendimento. Podem também ser textos escritos pela própria criança ou pelo adulto. Incentive-o a confeccionar listas de supermercado, bilhetes, agendas, diários, entre outros;

• Tire as dúvidas, leia e escreva as palavras que a criança não conseguir ler ou escrever;

• Se perceber que seu filho está com muitas dificuldade, reveze a escrita e a leitura com ele. Leia uma página e ele outra. Isso também pode acontecer com trechos de textos e frases;

• É comum, nesse momento, que algumas crianças ainda utilizem variados tipos de letras na hora de escrever, pois eles podem estar experimentando ou mesmo buscando a que acha mais “fácil”, recursos que devem ser respeitados e direcionados de forma coerente e tranquila. Aos poucos, com intervenções e sinalizações positivas e se sentindo mais seguras, possivelmente essas crianças irão definir o padrão de letra;

• Demonstre motivação, paciência e interesse pelo que a criança está escrevendo e lendo. Encontre tempo e disponibilidade para acompanhar as tarefas de seu filho;

• Busque horários e locais adequados para as tarefas de casa e para as atividades de “letramento”. Mesmo motivada, a escrita e a leitura não podem competir, por exemplo, com a televisão, com o irmão muito menor que mexe em tudo, com os videogames, com o horário do desenho predileto ou do playground, entre outros;

• Se a criança demonstrar desinteresse pelo convite à escrita e leitura, não desista. Busque outro horário, outro momento, insista, mas sempre com bom senso;

• Visite bibliotecas e livrarias com a criança e exercite com ela a escolha de títulos. Busque conhecer suas preferências literárias. Você pode se surpreender...;

• Envie para a escola, mesmo que não tenha sido solicitado, pesquisas, textos, material de leitura em geral, que você tenha trabalhado com a criança, de forma que ela possa socializar com os colegas e professor;

• Não deixe de fazer a leitura dos livros enviados pela escola e de outros títulos que você oportunizar a ele;

• Ao final da leitura de um livro ou texto, comente sua opinião sobre o que foi lido e pergunte o que ele achou, que parte mais gostou, se indicaria para outra pessoa, entre outros. Isso é fazer a criança perceber a “função social da leitura e da escrita”, afinal, não se aprende a ler e escrever somente para fazer tarefas escolares;

• Incentive e elogie cada avanço e conquista, afinal, a apropriação do código escrito não é uma tarefa fácil;

• É comum que os pais tenham dúvidas sobre o processo. Se isso acontecer, busque a escola e a equipe pedagógica da instituição em que seu filho estuda;

• O mais importante: divirta-se e se emocione com este momento mágico e surpreendente da vida de seu filho, pois ele tende a passar muito rápido.

Texto de Rosa Maria de Almeida V. Figueiredo, pedagoga e coordenadora pedagógica da Vira-Virou Escola Brasileira da Infância, do Rio de Janeiro (RJ), enviado ao Jornal Virtual. E-mail: coordenacao@viravirou.com.br

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